terça-feira, 21 de setembro de 2010

PAUSA PARA REFLEXÃO

ARTIGO - ADRIANA ROVERONI

Um desabafo sobre a preciosidade que "deveria" ser uma amizade... e o desvalor que vejo dia-a-dia, nas relações reais ou virtuais (que não deixam de ser reais), pois EXISTEM PESSOAS DO OUTRO LADO, SENDO CONSIDERADAS, OU DESCONSIDERADAS....
Que pena que o ser humano está perdendo o VALOR DE UMA AMIZADE....

Artigo: "AMIGOS EM EXTINÇÃO
A cada dia percebo que aumenta a demanda de pessoas que não têm com quem conversar. Não falo de um simples bate-papo ou fofoca, mas sim de diálogo. Não um simples “escutar”, mas uma conversa envolvendo empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo seus sentimentos.A desculpa mais freqüente para não acontecer este “encontro” é que ninguém tem tempo, que a vida é corrida, que há excesso de trabalho, etc...Mas o que pode estar acontecendo, além de tudo isso?
Parece que o ser humano está cada vez mais individualista, egoísta, pensando apenas em si próprio.
Muitos querem falar de si, mas a maioria não quer ouvir.
Às vezes, temos a impressão de que falamos com “a parede”. As pessoas estão com os pensamentos em outro lugar, enquanto falamos. Pensam no ontem, no amanhã, no futuro distante, mas tudo envolvendo apenas a si mesmo.
E isso não é bom? Pensar em si mesmo? Claro que sim. Pensar “primeiro” em si , ou seja, o auto-cuidado, possibilita que estejamos bem, física e emocionalmente, para , porventura, cuidarmos de outros.
Pensar “apenas” em si mesmo, é o problema.
Estamos vivendo, isoladamente, como se estivéssemos em uma corrida. Cada qual no seu carro, olhando para frente, correndo para chegar. Onde? Muitas vezes, nem sabemos.
Não é só nas amizades que este fenômeno está ocorrendo. Amigos estão em extinção, por toda parte, reais, virtuais; inclusive, dentro da própria família. Pais e filhos, esposo e esposa , irmãos... Não conversam, apenas se acusam. Um fala, o outro não ouve, e vice-versa. Cada um centrado apenas em si. Curioso, depois as pessoas reclamam da FALTA DE AMIGOS...Quando os têm, não valorizam... Fica a reflexão.
Parece que estamos em uma verdadeira “Torre de Babel”, cada qual falando uma língua e ninguém se entende.Você que está lendo este texto, tem um(a) amigo(a) para conversar sobre suas alegrias, tristezas, ansiedades, medos, preocupações? Tem? Parabéns. Valorize-o(a).
Porém, pela minha prática clínica, acredito que a maioria das pessoas não tem quem as “ouça”. Desta forma, os problemas que, de início, eram pequenos e poderiam ser resolvidos , facilmente, em um diálogo, vão tomando grandes proporções. Primeiramente, por não serem resolvidos. E depois, por despertar nas pessoas sentimentos de solidão, de não estima, de inadequação; o que gera muita angústia.
Se estivéssemos, todos, sendo mais “humanos”, “amigos” e “empáticos”, estaríamos auxiliando na prevenção de vários desconfortos emocionais. A propósito, empatia é a capacidade que o ser humano desenvolve de “se colocar no lugar do outro”, de entender como se sente.
Devido esta corrida sem destino certo, estamos nos distanciando dos seres humanos e nos aproximando das máquinas, como o computador. E ainda assim, poderíamos usar esta ferramenta, para trocas com conteúdo, com consideração humana...mas não é o que vejo...Vejo cada um centrado apenas em si próprio.
As pessoas acabam colocando suas expectativas de serem ouvidas, compreendidas e auxiliadas, em uma “tela”. Este “rosto” que tem o mesmo formato para vários tipos de desconhecidos. Pessoas que podem ou não ter boas intenções. Às vezes, têm as mesmas carências ou afinidades que o outro e podem se tornar amigos “virtuais.” Mas, infelizmente, vejo no dia-a-dia, as pessoas com medo de encontros “pessoais”. Se escondem atrás (ou na frente?) do computador, como se “aquele amigo desconhecido” pudesse suprir os amigos reais. Isso ocorre, também, com casais descontentes em sua relação, que acabam buscando, “naquele rosto desconhecido”, quem ouça suas expectativas ou problemas. Caminho que pode trazer muito sofrimento, quando encontram pessoas mal intencionadas. Ou pessoas que, simplesmente, NÃO SE IMPORTAM...(como citou Shakespeare: "por mais que você se importe, há pessoas, que simplesmente, não se importam).
Será que estamos nos desumanizando? Será que os amigos estão mesmo em extinção?
Quanto tempo faz que você não visita, não liga, não conversa com “aquele(a) amigo(a)”? E com seus pais (ou filhos)? E vocês, esposo e esposa? Que tal deixar as desculpas de lado e fazer isso , agora? Tenho certeza que todos se sentirão muito bem.
Amigos já são tão raros, por que estamos deixando-os entrar em extinção? Olhe pra seu amigo com outros olhos, depois deste texto... Se queremos CONSIDERAÇÃO, ATENÇÃO... há outro ser humano, UM AMIGO, precisando e desejando esta TROCA.
Vou fazer a minha parte. E você? Espero que sim.
Até a próxima.
Grande beijo


ADRIANA ROVERONI

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